quinta-feira, 6 de outubro de 2011

Em La Paz (Bolívia)


Seminário exige implantação de ambientes livres
 
Pesquisadores alegam que a medida já foi adotada em outros países latino-americanos.

Durante o seminário "o tabagismo como problema de saúde", especialistas internacionais cobraram das autoridades bolivianas que implementem ambientes livres do tabaco em locais públicos, tais como trabalho, bares, entre outros, como já ocorre em vários países latino-americanos.

Tendo em conta que a "epidemia tabagistica" é um problema de saúde pública com impacto global e totalmente evitável, muitos países decidiram adotar planos de prevenção para evitar que suas populações reduzam o consumo.

A Bolívia deu sua contribuição no controle do tabaco, ao adotar as advertências a partir do mês de dezembro deste ano. O próximo passo, de acordo com as conclusões do seminário realizado na Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS), é implantar os ambientes livres em locais públicos coletivos.

O Diretor da Aliança Latino-americana para implantação da Convenção-Quadro de Controle do Tabaco (CQCT), e presidente do Centro de Pesquisa e Epidemia do Tabaco, Eduardo Bianco, informou ao jornal El Diario que a Bolívia deve garantir que as advertências sejam impressas nos maços de cigarros, e procurar aumentar em 50%.

Em segundo lugar, Bianco mencionou que a Bolívia deve assegurar que ambientes em locais públicos e de trabalho, incluindo bares, restaurantes, hotéis, entre outros, sejam 100% livres da fumaça do tabaco.

"Isto não significa uma proibição, mas que faça somente o tabagista a inalar a fumaça, onde ela não ameaçe a vida e a saúde das pessoas. Seria o segundo passo importante ", disse Bianco.

Ele observou que o terceiro passo seria regular a publicidade, e o último, aumentar os impostos sobre produtos de tabaco, dado que a Bolívia tem uma carga tributária de 42% sobre os produtos derivados do tabaco quando o ideal definido pela Organização Mundial de Saúde (OMS) é de 75%. Atualmente, existem vários países que se aproximam deste valor, informou Bianco.

"O imposto de 42% sobre o tabaco na Bolívia é muito pouco. O aumento de impostos é a medida mais eficaz para reduzir o consumo e tem mais impacto sobre os jovens adultos, quando se aumenta o imposto sobre o tabaco e, portanto, o preço não só reduz o consumo de cigarro, como o Estado aumenta as receitas fiscais ", observou Bianco, utilizando como exemplo o Uruguai, que aumentou suas receitas em US$ 100 milhões a mais por ano devido ao aumento dos impostos sobre o tabaco.

O especialista sugeriu que as autoridades sanitárias bolivianas estimulem os fumantes a parar, usando os elementos necessários para alcançar este objetivo.

Além disso, explicou que o seminário discutiu três medidas principais: ambientes 100% livres do tabaco através da proibição de fumar em locais públicos fechados e locais de trabalho, a proibição da publicidade, promoção e patrocínio das indústrias do tabaco, e as advertências que começarão a circular a partir de dezembro.

"Precisa ser feito"
Já o diretor da América Latina Scientific Research Center (Celina), Franklin Alcaraz disse ao La Prensa que o consumo de tabaco no país manteve-se estável entre 1992 e dezembro de 2010, em estudo realizado sobre este assunto.

"Nós descobrimos que o consumo de tabaco é de cerca de 30% em termos gerais oscilando entre 12 a 65 anos de idade. Há maior quantidade de fumantes do sexo masculino e menos mulheres, mas a quantidade entre elas está crescendo enquanto neles vem diminuindo", disse Alcaraz concluindo que o grupo populacional que mais consome tabaco está entre 18 e 50 anos de idade, mostrando os mesmos indicadores.

Tendo em conta as experiências de outros países expostas no seminário, Alcaraz considera a Bolívia um país muito atrasado em termos de medidas preventivas, e como elemento positivo o fato do país ter assinado a Convenção-Quadro de Controle Snuff (CQCT).

"Temos muito trabalho a fazer, apesar da CQCT e um decreto sobre o assunto, razão pela qual este seminário foi realizado com representantes dos nove departamentos do país, que estão sendo mais bem informados sobre a realidade do tabaco como droga" disse o diretor da Celina.


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