quinta-feira, 29 de setembro de 2011

Em Santa Catarina


Audiência Pública em RS discute orientações da Anvisa para fumo e fumicultores   

A Comissão de Saúde e Meio Ambiente, presidida pela deputada Marisa Formolo (PT), realizou audiência pública, a partir do pedido do deputado Altemir Tortelli (PT), para discutir as Consultas Públicas 112 e 117 da Anvisa e seus impactos para os fumicultores. “Nossa proposta é debater com entidades e sociedade as duas consultas. Ambas fazem parte das medidas de controle do tabaco assumidas pelo Brasil junto à Organização Mundial da Saúde e vão de encontro com as diretrizes da Convenção-Quadro para o Controle do Tabaco (CQCT)”, explicou Tortelli. 

“É um tema muito importante, pois milhares de pessoas morrem por ano no país em função do cigarro. Por isso se fazem necessários esclarecimentos para que não hajam distorções sobre a questão. Ao mesmo tempo milhares de famílias dependem do cultivo do fumo para sobreviver, e não encontraram, ainda, uma nova alternativa que renda o mesmo para seu sustento”, completou o deputado proponente. 

As consultas da Anvisa versam sobre o uso de aditivos e a adoção de estratégias sofisticadas de marketing em embalagens e nos pontos de venda de produtos derivados do tabaco. “O desenvolvimento tanto da publicidade, misturada a produtos infantis, como a adição de sabores, servem para atrair o consumo dos jovens. Defendemos a normativa, pois ela não proíbe a venda, apenas retira os atrativos aos novos consumidores”, argumentou o representante da Aliança de Controle do Tabaco (ACT), Guilherme Almeida. 

Atualmente o consumo de cigarros e outros produtos derivados do tabaco é de 17% para homens e de 12% para mulheres. Em consequência de doenças originadas do uso do fumo, 200 mil pessoas morrem por ano no Brasil e mais de cinco milhões morrem no mundo. 

Dados apontam que no planeta cerca de 100 mil jovens experimentam cigarros pela primeira vez todos os dias e, mesmo com todas as restrições à publicidade, as indústrias têm encontrado brechas para atrair novos consumidores nos pontos de venda. “O governo já vem agindo no sentido de aumentar os preços, proibir a venda para menores, no controle da propaganda e da exposição. Então as medidas da Anvisa só vêm para corroborar com esta visão. As doenças por causas não transmissíveis, entre elas as do tabagismo, são as maiores causas de mortes no mundo. Não somos contra os agricultores, mas a favor da vida”, observou o médico pneumologista Luiz Carlos Corrêa, da Academia Sul-Riograndense de Medicina. 

Por outro lado, as entidades que representam os fumicultores argumentam que se deve buscar, antes de restringir o plantio do fumo, alternativas aos produtores que hoje vivem da cultura. No sul do Brasil, que é o segundo maior produtor de tabaco do mundo, cerca de 186 mil famílias vivem do plantio e comercialização do fumo. Ao mesmo tempo, por conhecerem seus malefícios, 73% das famílias de pesquisa realizada por entidades que apoiam os pequenos agricultores, afirmam o desejo de deixar de ser fumicultores caso novas alternativas sejam apresentadas.

“Acreditamos que esta questão já está bem encaminhada, pois já conversamos com a Anvisa e estamos buscando alternativas conjuntas para os agricultores. A primeira distinção que pedimos é que haja uma diferença entre os produtores de fumo e as empresas que comercializam produtos derivados. Pois ninguém planta fumo por considerar algo bom, mas por ser uma forma de manter suas famílias”, argumentou Carlos Joel da Silva, dirigente da Fetag.

Também participaram da reunião a procuradora Têmis Limberger, do Ministério Público Estadual; Ronaldo Franco, da Secretaria Estadual de Desenvolvimento Rural; Cleimary Zotti, engenheira agrônoma do Deser; e Celso Ludwig, da direção da Fetraf-Sul. 

Os deputados Marcelo Moraes (PTB), Edson Brum (PMDB), Adolfo Britto (PP), Pedro Pereira (PSDB), Silvana Covatti (PP) e Heitor Schuch (PSB), estiveram presentes no início do debate, porém se retiraram em protesto pela não presença de representantes da Anvisa, das indústrias fumageiras e pelo fato da Afubra não ter sido convidada. “As posições que serão aqui apresentadas já são de nosso conhecimento, ficarmos aqui para ouvir os argumentos sobre os malefícios do cigarro não vai resolver o problema. Precisamos unir todas as entidades para buscarmos alternativas aos agricultores”, disse Moraes.


Plano de combate ao crack para outubro



Governo prepara novo plano de combate ao crack para outubro   

O governo federal prepara o lançamento, para o início do mês que vem, de um novo programa nacional de enfrentamento ao crack e outras drogas. 

A iniciativa, que resgata um plano integrado lançado na gestão do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, é ampla e articula diversos órgãos, como o Ministério da Saúde e a Secretaria Nacional de Políticas Sobre Drogas (Senad), subordinada ao Ministério da Justiça. O destaque dado ao crack não é por acaso: a droga é de fácil acesso, tem alta letalidade, causa dependência rapidamente e está presente em todo o território nacional.

Uma pesquisa da Confederação Nacional de Municípios (CNM) feita no fim do ano passado em 3.950 cidades do País (71% do total) mostrou que em 98% delas há problemas relacionados à substância. Ao responder à pesquisa, alguns secretários de Saúde pediam literalmente socorro devido à dificuldade de enfrentar os problemas que a substância causa. "A grande maioria das detenções são decorrentes de roubos para a compra de drogas", disse um deles.

"O crack chama a atenção porque sua dependência atinge níveis graves, impactantes: o usuário acaba se desligando de tudo, vaga pelas ruas em busca da droga", afirma Marcelo Ribeiro, doutor em Medicina (Psiquiatria) e investigador da Unidade de Pesquisa em Álcool e Drogas (Uniad), serviço ligado ao Departamento de Psiquiatria da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp). Na opinião dele, o que motiva o governo a lançar o plano, à parte o apelo político ou midiático, é a exígua rede de auxílio aos dependentes. "Até dez anos atrás, não tínhamos nenhum tratamento público especializado em dependência química", diz. "Temos uma estrutura a ser construída ainda. (O programa) É uma tentativa de acelerar esse processo."

Para o ex-diretor de Repressão a Entorpecentes da Polícia Federal e atual diretor de combate ao Crime Organizado, Oslain Santana, não deve haver muita novidade no papel da polícia de reduzir a oferta da droga. "Na redução da oferta não tem muito milagre, não há uma nova lei ou medida que vai resolver um problema do crack", afirma. "A estratégia da PF adotada atualmente dá resultado. Temos é que racionalizar o modelo de trabalho e potencializar as formas de atuação que estão dando certo."

O plano integrado idealizado no governo Lula tratava a questão do crack articulando, junto a políticas de saúde e segurança, ações de assistência social, educação, direitos humanos, juventude e até esportes. Tudo indica que o programa de Dilma deve seguir a mesma linha. O [site] Terra contatou a Senad para falar sobre a iniciativa, mas a assessoria do órgão informou que o plano está "em intensa articulação", e por isso não podia se pronunciar sobre o tema ainda. O Ministério da Saúde também não se manifestou, alegando os mesmos motivos. Para entender melhor quais podem ser as estratégias do novo programa, o Terra foi atrás de profissionais da área para analisar como está e o que falta no combate ao crack.

Auxílio ao dependente
Segundo a pesquisa da CNM sobre o crack nos municípios do País, os Centros de Atenção Psicossocial para Álcool e Drogas (Caps Ad), principal estratégia para o acolhimento e tratamento de portadores de transtornos mentais e usuários de drogas, estão presentes em apenas 14,8% das cidades, o que o próprio estudo classifica de insuficiente.

Marcelo Ribeiro confirma e destaca que faltam "equipamentos sociais" e capacitação na área para cuidar dos dependentes. "Os Caps começaram a aparecer em 2003, e foram surgindo de maneira muito lenta", diz. "Até então, só havia tratamento especializado dentro de universidades ou em parcerias com hospitais privados."

De acordo com Ribeiro, é importante que haja opções públicas de tratamento para os diferentes estágios da dependência. "Tem aquele cara que começou a usar crack e perdeu o controle, mas continua empregado e em contato com a família. Este pode se beneficiar de uma internação curta em um ambulatório ou em um Caps", diz o especialista.

Por outro lado, pacientes em estágio mais avançado de dependência precisam de uma internação mais longa - caso, por exemplo, das comunidades terapêuticas. Nesse modelo, que segundo Ribeiro demora nove meses ou mais, o paciente se interna voluntariamente para se tratar em um ambiente comunitário onde, junto a outros dependentes, cuida da residência: lava louça, limpa banheiros e faz atividades similares. Com isso, explica Ribeiro, "além de lutar por sua abstinência, reaprende a conviver".

No livro O tratamento do usuário de crack, escrito em conjunto por Ribeiro, pelo especialista Ronaldo Laranjeira e por outros colaboradores, os profissionais afirmam que as escolas e usuários mais jovens devem ter prioridade no atendimento. Além disso, a obra, que deve ser lançada em novembro deste ano, diz que o sistema formal de tratamento deve trabalhar em sintonia com o informal de autoajuda, como Narcóticos Anônimos, grupos familiares, comunitários e religiosos.

Redução da oferta

Para os órgãos de segurança pública, não há muita distinção no policiamento contra o crack, oxi ou cocaína, já que todos derivam da mesma substância. Essa propriedade, explica o delegado-diretor do Departamento Estadual de Investigações sobre Narcóticos de São Paulo (Denarc), Wagner Giudice, dá flexibilidade ao tráfico. "A pasta-base fica armazenada em laboratório e, de acordo com a demanda, o traficante a transforma em cocaína ou crack." Segundo Giudice, por essa razão é difícil ver grandes apreensões do produto final: geralmente se transporta a substância em forma de pasta.

De acordo com o diretor de Combate ao Crime Organizado da Polícia Federal, Oslain Santana, os principais fornecedores de pasta-base para o Brasil são Colômbia, Peru e Bolívia. Por isso, o primeiro objetivo da PF é evitar a entrada da droga no País. Porém, explica, encher as fronteiras nacionais com agentes não é a única solução. "A droga pode entrar na fronteira do Amazonas, do Acre e do Mato Grosso, mas o destino dela é o principal mercado consumidor: os Estados das regiões Sul e Sudeste, que concentram 75% do PIB nacional", diz Santana.

Segundo Santana, a PF prioriza o enfrentamento do tráfico nos Estados de São Paulo, Amazonas, Acre, Rondônia, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e Paraná, que concentraram, nos últimos dez anos, 70% das apreensões de cocaína e 80% de maconha. Além disso, ele ressalta a importância de ações coordenadas com outras polícias no País e da cooperação internacional. "Nos últimos cinco anos, em parceria com a polícia do Paraguai, destruímos cerca de 3,8 mil t de maconha que seriam colhidas em território paraguaio", diz.

Segundo ele, os pequenos e médios traficantes só transportam 30% da droga que circula no Brasil. "Os outros 70% são traficantes grandes, com meios requintados de camuflar a droga no interior de cargas lícitas que só a fiscalização ostensiva não coíbe." Por isso, ele considera essencial o trabalho de inteligência da PF para desmantelar grandes organizações.

Em maio deste ano, deputados federais integrantes de uma comissão especial na Câmara visitaram a cracolândia no centro da capital paulista. Em uma reunião com o grupo, o diretor do Denarc sugeriu uma mudança na legislação para que houvesse a internação compulsória de dependentes de crack. "Se o usuário está alucinado há quatro dias e você pergunta se ele quer ser internado, o que ele vai responder? É claro que não", diz Giudice. Ele ressalta, porém, que o governo precisa oferecer um lugar adequado para tratar o dependente. "Não adianta a polícia pegar aquele monte de gente que está na cracolândia. E daí? O que eu faço com eles?", pergunta. "O próprio Estado tem que se organizar para levar a um lugar apropriado."

No mesmo encontro, Giudice também sugeriu aos parlamentares que aumentassem a pena ao traficante eventual, que vende a substância nas ruas. "Assim, ele vai ficar com medo de vender a droga. Ele é quem faz a distribuição e acaba sendo, para muita gente, a porta de entrada para as drogas."


No Mato Grosso do Sul


Projeto institui programa de apoio a dependente químico   

O deputado Antônio Carlos Arroyo (PR) apresentou em sessão plenária nesta quarta-feira (28/9), na Assembleia Legislativa, o projeto de lei que institui o Programa de Apoio à Recuperação do Dependente Químico. 

Esta proposição é complementar a outra proposta de sua autoria apresentado na sessão de ontem, que assegura a reserva de pelo menos 10% de leitos em hospitais públicos e privados para o tratamento de pacientes com dependência química.

Conforme o projeto que Arroyo apresentou nesta quarta-feira, fica instituído no âmbito da SES (Secretaria de Estado de Saúde) o programa de apoio à recuperação de usuário de drogas por meio de ações e atividades de prevenção, tratamento, recuperação e reinserção social dos pacientes.

Para a execução do programa, as instituições religiosas e da sociedade civil, sem fins lucrativos, que atendam dependentes químicos, poderão receber recursos da SES, condicionados à sua responsabilidade orçamentária e financeira sob a observância da legislação vigente. E serão considerados os serviços próprios de atenção e reinserção social de dependentes, os realizados pelas instituições, através de clinicas ou casas e comunidades terapêuticas.

As entidades ou quaisquer outros estabelecimentos que queiram firmar convênio para participar do Programa de Apoio terão que obedecer a critérios rigorosos para tal fim. Os repasses financeiros serão direcionados de acordo com o porte das instituições e as características dos municípios nos quais estão localizadas.

Segundo Arroyo, o Legislativo Estadual está se empenhando em buscar alternativas para diminuir o problema com as drogas no Estado, porém é imprescindível que o Poder Executivo acompanhe esta luta. “A dependência química em Mato Grosso do Sul, assim como em todo o País, é um problema de extrema gravidade. Por isso é importante que todos os Poderes, entidades privadas e sociedade civil unam forças nesta batalha”, salienta o parlamentar.


Controle do cigarro


Ministro da Saúde quer veto total a fumo em ambientes fechados   

O ministro Alexandre Padilha (Saúde) disse nesta quarta-feira ser contra a proposta de que determinados ambientes fechados (como bares, restaurantes e boates) permitam consumo de cigarros em seu interior. 

Segundo Padilha, a posição do ministério é pelo banimento dos fumódromos, pela proibição de aditivos de sabor e odor aos cigarros e pela vedação "total" em ambientes fechados.

A ideia de se banir fumódromos no país inteiro, mas permitir que parte dos estabelecimentos seja livre para o fumo, sob determinadas condições, foi levantada pelo deputado Renato Molling (PP-RS), relator da Medida Provisória 540/11. A MP trata, entre outros tópicos, de aumentar impostos sobre o cigarro e, desta forma, torná-lo menos atrativo.


Molling desenhou algumas emendas à medida, entre elas a da pemissão para fumo em determinados estabelecimentos. "[A proposta] respeita a liberdade tanto do não fumante, que vai ter garantido o veto ao cigarro e ao fumódromo, quanto do fumante, que terá seu espaço garantido, com a sinalização de que naquele estabelecimento se pode fumar", defendeu o relator.

Padilha afirmou, nesta quarta, que a área técnica do ministério está debruçada sobre as emendas apresentadas. Disse, ainda, que a pasta dará parecer contrário à possibilidade dos estabelecimentos abertos ao fumo e dos aditivos ao cigarro – como, por exemplo, o mentol.

A MP pode ser votada na próxima semana. 


domingo, 25 de setembro de 2011

Em São Paulo [2]


Assembléia aprova lei antiálcool que renderá multa a dono de bar   

Estabelecimento poderá ser até interditado se adolescente for flagrado consumindo bebida alcoólica no local.

A Assembleia Legislativa de São Paulo aprovou terça-feira passada (20) o projeto de lei que responsabilizará com multa e até interdição donos de bares e restaurantes caso algum adolescente seja flagrado consumindo bebida alcoólica no local. Segundo a Secretaria de Estado da Saúde, 18% dos jovens consomem álcool regularmente.

A venda de bebida alcoólica para menores já é proibida por lei, mas até então não era possível responsabilizar o comerciante pelo consumo da bebida. A lei - bandeira do governador Geraldo Alckmin (PSDB) - deverá ser sancionada nos próximos dias.

Num primeiro momento, a ideia do governo é fazer blitze educativas em bares, restaurantes, supermercados e lojas de conveniência. A medida tem o apoio da Associação Brasileira de Bares e Restaurantes de São Paulo.

"A proposta é criar entre os donos de estabelecimentos a cultura de que a quantidade de álcool para menor de idade deve ser igual a zero, sempre", afirmou o secretário de Estado da Saúde, Giovanni Guido Cerri. Para ele, a aprovação da lei é "uma vitória da saúde pública paulista, que terá maior respaldo para coibir o consumo nocivo de álcool entre crianças e adolescentes".